7/04/2007

Compatibilidade


“Ora, assim como o corpo é uma unidade, embora tenha muitos membros, e todos os membros, mesmo sendo muitos, formam um só corpo, assim também com respeito a Cristo.” (1 Coríntios 12:12)

Tem sido difícil conseguir que os conselheiros matrimoniais que apóiam a necessidade absoluta de compatibilidade definam o que é compatibilidade. Eu gostaria muito de saber qual a aparência dela, mas quanto mais detalhes eu peço, tanto mais vago se torna esse absoluto. Por exemplo, será que compatibilidade significa que as pessoas precisam gostar das mesmas coisas para conseguirem se dar bem? Se isso fosse verdade, por que os sócios de um negócio, que têm exatamente a mesma paixão por ele, acabam se separando? Será que compatibilidade significa fazer as mesmas coisas? Se fosse verdade, por que é que as expedições se separam? Será que compatibilidade significa vestir o mesmo tipo de roupa? Então por que é que os soldados que usam uniformes idênticos brigam uns com os outros? Será que compatibilidade é ter a mesma filosofia de vida? Então por que há tantas brigas entre os líderes do partido comunista? Descobrimos que, quando o problema é compatibilidade, estamos na realidade correndo atrás de algo que não é um problema. Um casal não se separa por causa da incompatibilidade. Ao contrário, a incompatibilidade é a maior razão para haver unidade. Uma expedição é bem sucedida porque as pessoas realizam suas diferentes tarefas com excelência. Nos negócios, conseguir um sócio que faça com paixão aquilo que o outro odeia leva ao sucesso rápido e harmonioso. Uma família na qual o pai e a mãe repartem as responsabilidades cria filhos saudáveis. No casamento, a compatibilidade não é o problema. Quando se trata de relacionamentos, o problema é a carne.

“Por isso, vivam pelo Espírito e de modo nenhum satisfarão os desejos da carne.” (Gálatas 5:16).

No fim das contas, casamento não é uma questão de personalidade ou compatibilidade, mas uma questão de carne versus espírito. Quando a carne luta contra o espírito no casamento, as coisas desejadas não podem ser obtidas. E o que é que um casal cristão deseja? Sem exceção, todos querem paz, alegria, amor, paciência, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Nunca encontrei um casal que tivesse decidido arruinar seu casamento a partir do primeiro dia. Depois dos votos de casamento, nenhum marido ou mulher começou imediatamente a fazer listas de como poderiam esculhambar a vida do seu conjuge. Vejo muitos casais participando de cursos sobre casamento e nenhum deles gosta de estar lá. Mas é verdade que os casais fazem coisas que tornam seus casamentos infelizes.

O que estou querendo dizer é que eles nunca tiveram a intenção que o seu casamento chegasse no estado infeliz que se encontra hoje; isso não aconteceu por causa de um plano, mas pelo andar na carne. (Carne= o homem sob a influência controladora de qualquer coisa que não seja Cristo, isto é, egoísmo, raiva, outros hábitos, emoções enganadoras do passado, pecado, etc.). Um músculo se torna maior quanto mais exercício é feito. Quanto mais alguém exerce controle, tanto mais controlador se torna. A carne produz carne. Se um casal decide se relacionar através de brigas, inimizades, ira, disputas, dissensões e fações, tanto mais infeliz se tornará o casamento. Andar na carne cria exatamente o oposto daquilo que um casal cristão deseja, ou seja, cria mais carne. Eu costumo dizer que a finalidade do casamento é tornar você infeliz! É verdade, pois somos infelizes na proporção em que andamos na carne. Se quisermos sair da infelicidade, precisamos andar no Espírito. Amar do jeito que a mídia nos mostra é, freqüentemente, apenas amor pelo corpo; desejar ardentemente a aparência do outro. Com muito menos freqüência, o amor é retratado como amor de alma, ter pensamentos semelhantes um pelo outro, emoções parecidas e uma motivação comum. Contudo, o casamento cristão é amor verdadeiro que está centrado no Espírito, na unidade Nele. O casamento espiritual simplesmente não precisa ser perfeito em corpo ou alma; espírito produz espírito e todas as diferenças exteriores são inconseqüentes. Entretanto, visto que o espírito é a questão, é preciso avisar cada casal das tentativas do inimigo para tirá-los do Espírito. A situação mais volátil de um casamento acontece quando um dos dois está no Espírito e o outro na carne. Quando ambos estão na carne, o casal consegue coexistir; quando ambos estão no Espírito, é uma amostra do céu; mas quando um está no Espírito e o outro na carne é igual a um inferno. No entanto, esse inferno pode durar pouco, se abordado corretamente. Quando estamos na carne, a vida na carne faz perfeitamente sentido, de modo que reagiremos a qualquer um que tente nos tirar de lá. Portanto, a primeira reação, quando o cônjuge que está no Espírito se aproxima, é puxá-lo para a carne. Por quê? O espírito contrasta com a carne e aumenta a consciência da existência dela.

A carne humana não agüenta o contraste. Por exemplo, eu lembro que ia a festinhas quando estava entrando na adolescência. Era o único que não fumava. Ninguém ao meu redor sentia-se bem com isso. Eu não me importava que eles fumassem, pois minha razão para não fumar era que eu sofria de asma. No entanto, eles continuavam me pressionando para fumar. Aqueles que estão na carne detestam o contraste. Foi o contraste que levou Jesus à morte. Se tivesse agido como os outros líderes religiosos, prestado homenagens aos que estavam na carne e usado métodos mundanos para conseguir um reino, teriam deixado ele em paz.
Se o marido está na carne – um lugar desconfortável para um cristão – e consegue apertar botões suficientes para trazer a esposa para a carne, então a pressão para mudar desaparece. A carne dele agora é justificada pela carne da mulher. Não há amor maior do que dar a sua vida pelo outro. O cônjuge que está no Espírito precisa dar a sua vida pelo cônjuge carnal. Quando o marido é grosso, a mulher precisa atravessar a sala em direção a ele, reconhecer o estado em que ele está, e dar-lhe um beijo. Ao fazer isso, cria-se um contraste. O marido não vai reagir imediatamente no Espírito; pelo contrário, ele vai tentar com mais força fazer com que a esposa caia na carne. E mais uma vez ela precisa morrer, recusar-se a reagir, e dar outro abraço. Enquanto ela está fazendo isso, acontecem duas coisas. Primeiramente, ela sente uma liberdade incrível das circunstâncias externas. O controle do Espírito!!! A liberdade que se goza no Espírito. As palavras e comportamentos dos outros não controlam mais as palavras e comportamentos dela. Em segundo lugar, o marido precisa agora enfrentar a sua própria carnalidade. Ele vê na sua esposa o contraste divino, a carnalidade está no colo dele, ele precisa (como dizem os africanos) carregar seu próprio macaquinho: ele não consegue mais culpar ninguém a não ser a si mesmo. Ele precisa voltar à viver no Espírito. Paulo dizia:
“Em nós opera a morte, mas em vocês a vida”. Portanto, a verdade maior que inclui a verdade menor é: a vida no Espírito torna a compatibilidade perfeita.


Mike Wells retirado do link: http://www.vidasplenas.com.br/artigos.asp